Foi avaliado, no contexto da saúde pública, o papel da tele-eletrocardiografia (Tele-ECG) em pacientes com dor torácica atendidos em serviço de pronto socorro médico, durante o primeiro ano de implantação deste serviço. Procurou-se determinar através da tele-ECG as alterações eletrocardiográficas encontradas nesses pacientes, analisando-se especialmente os casos de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST e acompanhá-los quanto ao tratamento e eventuais complicações na fase aguda (30 dias) dessa síndrome clínica. Foram coletados os eletrocardiogramas transmitidos de 161 centros remotos do Brasil para uma Central de Telecardiologia situada em Uberlândia-MG. O sinal transtelefônico do ECG foi decodificado usando um software específico que permite a realização de todas as medidas, análise e armazenamento. De um total de 15.095 ECGs recebidos na Central, 4.428(29,33%) corresponderam a pacientes queixando-se de dor torácica. Dentre esses, 2.173(49,07%) apresentavam ECG considerados dentro dos limites da normalidade; 503(11,36%) pacientes com bloqueios de ramo do feixe de His; 576(13,00%) com alterações da repolarização ventricular do estímulo elétrico; 263(5,94%) com área eletricamente inativa; 179(4,04%) com sinais sugestivos de isquemia e 150(3,39%) com IAM com supradesnivelamento do segmento ST. Dos 150 pacientes diagnosticados como IAM, foi possível acompanhar 77(51,33%) quanto ao tratamento instituído e eventuais complicações. Observou-se que 54(71%) receberam tratamento clínico; 15(19%) trombolítico; e 8(10%) angioplastia transluminal coronariana terciária. Conclui-se que: aproximadamente 50% dos pacientes com dor torácica apresentam ECGs dentro dos limites da normalidade. Esse achado, associado aos dados clínicose laboratoriais, pode reduzir o tempo de hospitalização, resultando em benefício para os pacientes, bem como redução dos custos hospitalares; a tele-ECG permite um diagnóstico precoce do IAM, possibilitando uma abordagem terapêutica adequada em tempo hábil; por outro lado, vale ressaltar que apesar do suporte proporcionado pela tele-ECG para confirmar o diagnóstico precoce de IAM, a maioria dos pacientes não é submetida ao tratamento mais apropriado (trombolítico ou ATC primária) e recebe tratamento clínico, que no nosso trabalho apresentou o maior número de complicações.